sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

COTIDIANUS PRÉ 2015

Olhar cotidiano nada mais é do que aquele olhar que lançamos sobre fatos e situações diárias, que de tão comum parecem sem importância, mas que em verdade guardam uma beleza e uma plástica sem par. 

Nesta época de fim de ano, com todas as comemorações, as quais passei só, com meus filhos/anjos de 4 patas, por opção pessoal, mas que me trouxeram uma dúzia de olhares cotidianos algumas frias, outras quentes, algumas tristes, outras alegres, algumas simples, outras complexas. 

Para eu almoçar tenho que buscar minha marmita em dois ou três restaurantes da cidade. Ao voltar de um deles me deparei com uma cena inusitada. Um carroceiro, com sua carroça puxada por um cavalo, estacionou na esquina e começou a falar no celular. Achei a cena por demais divertida, afinal de contas àqueles que são motoristas de veiculo automotor, pouco se dão ao trabalho de pararem para falar ao celular, aquele homem simples, em sua simplicidade, parou a carroça para telefonar. Certo, estranho e porque não, inusitado. 

Ao sair para fazer as compras de minha ceia de ano novo, a minha maneira, logico, saio de casa e sinto o volante puxar para a esquerda e um som esquisito vindo do pneu dianteiro esquerdo. Paro o carro, desço e constato o inevitável, pneu murcho, vejam bem, murcho.  

A certa distancia uma senhora que colocava algumas coisas no porta-malas do carro, meio que se assusta com minha cena e apura o passo, como se eu, com pneu murcho do carro pudesse fazer alguma coisa.  

Cada pessoa por quem eu passava me alertava para o problema, justamente na hora que me dirigia para o borracheiro, que ficava do outro lado da BR.  

Lembrei-me de Abraão discutindo com Deus sobre Sodoma e Gomorra, se houvesse um só justo ele pouparia as cidades. Quantos justos encontrei pelo caminho e preocupados com a saúde de meu pneu, e porque não com a minha saúde e segurança. Engraçado que o problema do pneu era sujeira, nada mais. 

Prosseguindo com os festejos resolvi fazer minha lasanha especial, receita simples, macarrão tipo ninho 3, molho de tomate, requeijão, dois tabletes de caldo de galinha, 200 gramas de queijo e 200 gramas de presunto. Almoço do dia 31, jantar do dia 31 e almoço do dia 1o.

Triste eu? Jamais!

Passei o ano novo com meus filhos, lhes beijei a face, a cabeça, o focinho e lhes desejei saúde, paz e um feliz ano novo. Minha maior preocupação era com o filho do meio, o qual se irrita sobremaneira com fogos de artificio. Tranquei-o no banheiro e, na hora dos fogos, o acalentei em meu colo, tentando tapar os ouvidinhos. Passamos incólumes. Explosões de fogos de artificio só tem certa lógica em países orientais, os criadores dos mesmos, para espantar as divindades do mal, ou coisa assim. Para o ocidente é só pirotecnia, barulho, custos, despesas, prejuízo, principalmente para os animais que tem os ouvidos sensíveis. Mas fazer o que. Um dia isso acaba.

Paz e tranquilidade cercado por aqueles que me amam de verdade, com todos os meus mal humores, idiossincrasias, que me conhecem do alvorecer ao anoitecer, mas que me amam e por mim são amados.

Dia 1o nada de novo no front.

Pela primeira vez na minha vida assisti a Guerra de Canudos, filme brasileiro, magistralmente produzido, grande elenco, para uma história que mancha a nossa história. Me lembrou, antes do final, da luta americana no Vietnam, onde os guerrilheiros venciam as tropas, utilizando-se dos recursos que o seu heroísmo permitia.

O filme, baseado em Os Sertões de Euclides da Cunha, que aparece de soslaio no papel de um jornalista, merece ser visto e o livro lido, para quem quer conhecer o Brasil do pós-império, ainda assim uma mancha negra em nossa história. Antônio Conselheiro ainda vive e está mais forte do que nunca. Existem livros digitais, grátis para baixar na internet. Recomendo.

Paz e tranquilidade.

Dia 2 uma saída rápida para abastecer certos estoques e trazer o almoço sagrado.

Dia 3, aqui, agora, escrevendo para contar o que se passou.

Ao mesmo tempo me deparo mais uma vez com o calendário que se aproxima no ano que se inicia, carnaval, festas, copa do mundo eleições, vão restar poucos feriados, mas principalmente poucos dias para se trabalhar. Por isso desejo feliz 2015, é mais barato

Um comentário:

  1. Que bacana, Mario Machado! Adoro leituras desse gênero, tipo crônica, e você faz isso muito bem! Me transportei vivenciando as cenas narradas, envolvida principalmente pela significância que você soube dar à coisas simples e rotineiras. Você comprova como a vida pode ser valorosa e interessante a partir de uma ótica sensível e inteligente. Sobre as felicitações para 2015, realmente esse 2014 tem tudo pra ser "hors concours" mesmo! Vale ficar atento para que o ano não passe batido em relação aos nossos projetos pessoais e coletivos que não envolvem o entretenimento. Sobre sua escolha de passar o ano solito, se soubéssemos teríamos o arrastado pra passar conosco ( não sem que você trouxesse sua apetitosa lasanha, é claro!) P.S. Uma preocupação: será que esse tanto de feriado vai nos privar de ter o seu livro lançado ainda em 2014?

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